A confusão mental, a dor na alma, a loucura de ideias e toda sorte de inadequação ao estado de bem-estar e saúde mental, de fato, são decorrentes de uma distopia psíquica. Um lugar nenhum que é real pela forma como é representado nos comportamentos e nos transtornos mentais. Ou seja, trata-se de um íntimo que assimilou a opressão, a privação e o desespero, resultando em problemas psíquicos.
Para os mais vulneráveis, a tendência é que a cada momento a distopia psíquica prevaleça para promover seu caos íntimo, repercutindo nas relações interpessoais. Contudo, de acordo com a intensidade da experiência vivida, a pessoa consegue ou não administrar a sua distopia psíquica. Ademais, felizmente, saímos da distopia para as tópicas de Freud, sendo possível compreender e trabalhar na economia psíquica. Ou seja, da origem e dos processos emocionais como uma resposta às regras e imposições externas.
E por falar em regras impostas, o que é válido, qual o caminho para cada um se aproximar de sua utopia, de seu lugar ideal? Eis a complexidade e a singularidade de cada questão, de cada pessoa; que nos revela a impossibilidade de aplicar modelos prontos para conduzir a uma solução distinta.
No entanto, existem algumas recomendações que servem para todos: Admitir sua dor, ser sincero com você mesmo; Reconhecer a necessidade de auxílio e ir buscar; Ter determinação, perseverança para acabar a origem da dor. Lembre-se que sua dor não se limita a ela, mas ela repercute e causa novas dores. Ela não é sua amiga!
O mais interessante é que nesse percurso de “cura”, por causa de uma dor, tantas outras são dissolvidas tornando a pessoa noutra pessoa. A tal ponto que a causa que a levou buscar uma solução já nem tem mais tanta força.
Contudo, ainda sobre a distopia psíquica, o grande poder de controle sobre ela é a consolidação de seus referenciais, ajustados às dimensões de suas relações interpessoais. Exatamente, devemos lembrar que não existe Ser Humano sem a convivência em grupo. Aliás, sou definitivo em afirmar que o estudo da psique sem a sociologia, se transforma em biologia.
Mhauro Garcia
Psicanalista

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