terça-feira, 13 de maio de 2025

Minha Experiência com o Espelho do Vale Esquecido

 

Eu vivi num vale isolado, cercado por montanhas tão altas que pareciam tocar o céu. Esse era o famoso Vale Esquecido. E tinha esse nome, não porque seus habitantes tivessem perdido a memória, mas porque muitos preferiam esquecer a sua existência. Por isso eu ficava muito curioso.

Quando falavam nele, diziam que lá dentro, bem no coração do vale, havia um espelho mágico, envolto em lendas e mistérios. Com certo medo, eu ouvia dizer que esse espelho não refletia a imagem de quem olhasse para ele, mas sim, refletia a essência de sua alma. Era quando eu sentia arrepios, aumentando minha curiosidade.

Desde criança, eu ouvia histórias sobre o espelho, mas nunca me atrevi a procurá-lo. Mas como sou muito curioso, com um coração inquieto, sempre me perguntava sobre o propósito da minha vida, sobre minhas paixões e meus medos, mas as respostas não me agradavam.

Então eu pensei: Será que a minha missão de vida é encontrar esse espelho e me tornar um herói?

Um dia, cansado de viver em dúvida, eu decidi enfrentar meus medos e partir em busca do espelho. Eu sabia que a jornada seria difícil, pois os desafios testariam a minha força física, a minha mente e o meu coração. Mas segui determinado!

No primeiro dia da minha jornada, eu encontrei um rio turbulento. As águas eram tão violentas que pareciam gritar de raiva. Assustado, pensei em voltar, mas então ouvi uma voz sussurrar: "Para eu conseguir atravessar esse rio, eu devo compreender a origem dessa turbulência."

Então eu respirei fundo, refleti e percebi que, assim como o rio, muitas vezes eu era dominado por sentimentos confusos. Então eu respirei fundo mais uma vez e me acalmei. De repente, as águas se tornaram mais serenas, foi quando pude atravessar.

No segundo dia, eu cheguei numa floresta densa e escura. As árvores eram tão altas que bloqueavam a luz do sol, fazendo eu me sentir perdido. Sem que eu esperasse, novamente, a voz sussurrou: "A escuridão que me cerca é um reflexo do que eu carrego dentro de mim."

Então eu fechei os olhos e enfrentei meus medos mais profundos: o medo de não ser bom o suficiente, de falhar, de nunca encontrar o meu lugar no mundo. Quando abri os olhos novamente, a floresta parecia menos assustadora, e eu encontrei um caminho iluminado por uma luz suave. Animado, segui em frente!

No terceiro dia, eu finalmente cheguei ao espelho. Que emoção! Ele estava em uma clareira, envolto por uma aura brilhante. Com o coração acelerado, eu me aproximei dele e olhei para o reflexo. A princípio, eu vi apenas uma névoa, mas, aos poucos, a imagem começou a se formar. Eu não vi meu rosto, mas sim cenas de minha vida: momentos de alegria, de tristeza, de força e de fraqueza. Vi minhas escolhas, meus erros e minhas conquistas. E, no centro de tudo, percebi uma luz que nunca se apagava – era a minha verdadeira essência, pura e imutável.

Confuso, perguntei: esse sou eu? É isso?

E mais uma vez, a voz sussurrou: "O autoconhecimento não está em buscar respostas prontas, mas em fazer as perguntas certas. Como um raio, compreendi que eu sou mais do que meus medos, mais do que minhas dúvidas. Eu sou a luz que guia o meu próprio caminho."

Reflexivo, eu retornei do vale completamente diferente, transformado. Sabia que ainda não tinha todas as respostas sobre mim, mas, pela primeira vez, senti-me confortável em viver com minhas perguntas. E, mais importante, compreendi que o espelho não estava no vale, mas dentro de mim. E ele só apareceu quando me deparei comigo no meio daquele ambiente.

Voltei para casa fortalecido lembrando daquela experiência que deixou de ser um mistério para mim. Pelo contrário, tornou-se um lembrança permanente de que eu sou o vale esquecido e que o autoconhecimento é uma jornada sem fim para encontrar o espelho. Mas que a cada passo dado nessa caminhada, eu me torno mais completo.

 

Ato de Saber

Mhauro Garcia

 

sábado, 3 de maio de 2025

O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo

 

 

O filme “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo” contém símbolos maravilhosos para representar a vida. Apurando o olhar, podemos perceber essa trajetória que, no íntimo, acaba sendo a nossa. Olha só!

Simbólico e lindo demais!

Cheio de mensagens fantásticas!

- O menino perdido (a busca das pessoas).

- O gelo representa a dureza e a frieza da vida.

- A toupeira é o inconsciente do menino.

- O bolo, a compensação prazerosa diante das frustrações.

- O menino deseja Ser algo na vida (gentil) como o oposto da dureza da vida.

- O Rio representa a vida que não para, é fluxo contínuo. (O menino disse: Tudo acontece dentro da gente.)

- A casa é o ideal de vida com segurança. A busca de retornar para sua origem.

- A raposa, uma adversidade perigosa, pode se tornar um meio de superação. É ela que mostra o valor do menino.

- Cavalo é a potência de Ser que eleva o inconsciente. - A queda do cavalo são os momentos de fraqueza durante o percurso.

- O choro é a dúvida de ser capaz.

- Coragem é pedir ajuda e ser sincero consigo mesmo. - A tempestade mostra a pequenez que o menino é.

- O Cavalo alado é o poder de superação tolhido pela pressão dos que se acomodaram.

- A casa seria a segurança, mas isso está dentro do menino e não fora dele. Não importa mais a casa. Ele se aproximou dele mesmo.

- O Céu estrelado é o tempo…

 

Mhauro Garcia 

Psicanalista


sexta-feira, 2 de maio de 2025

A Distopia Psíquica na Pós-Modernidade

 


A confusão mental, a dor na alma, a loucura de ideias e toda sorte de inadequação ao estado de bem-estar e saúde mental, de fato, são decorrentes de uma distopia psíquica. Um lugar nenhum que é real pela forma como é representado nos comportamentos e nos transtornos mentais. Ou seja, trata-se de um íntimo que assimilou a opressão, a privação e o desespero, resultando em problemas psíquicos.

Para os mais vulneráveis, a tendência é que a cada momento a distopia psíquica prevaleça para promover seu caos íntimo, repercutindo nas relações interpessoais. Contudo, de acordo com a intensidade da experiência vivida, a pessoa consegue ou não administrar a sua distopia psíquica. Ademais, felizmente, saímos da distopia para as tópicas de Freud, sendo possível compreender e trabalhar na economia psíquica. Ou seja, da origem e dos processos emocionais como uma resposta às regras e imposições externas.

E por falar em regras impostas, o que é válido, qual o caminho para cada um se aproximar de sua utopia, de seu lugar ideal? Eis a complexidade e a singularidade de cada questão, de cada pessoa; que nos revela a impossibilidade de aplicar modelos prontos para conduzir a uma solução distinta.

No entanto, existem algumas recomendações que servem para todos: Admitir sua dor, ser sincero com você mesmo; Reconhecer a necessidade de auxílio e ir buscar; Ter determinação, perseverança para acabar a origem da dor. Lembre-se que sua dor não se limita a ela, mas ela repercute e causa novas dores. Ela não é sua amiga!

O mais interessante é que nesse percurso de “cura”, por causa de uma dor, tantas outras são dissolvidas tornando a pessoa noutra pessoa. A tal ponto que a causa que a levou buscar uma solução já nem tem mais tanta força.

Contudo, ainda sobre a distopia psíquica, o grande poder de controle sobre ela é a consolidação de seus referenciais, ajustados às dimensões de suas relações interpessoais. Exatamente, devemos lembrar que não existe Ser Humano sem a convivência em grupo. Aliás, sou definitivo em afirmar que o estudo da psique sem a sociologia, se transforma em biologia.

Mhauro Garcia
Psicanalista

Pacto Brasil e a Integridade Empresarial

 


A Integridade Empresarial é uma proposta extraordinária para o Estado do Ceará. Não somente pelo fato de trazer uma necessidade emergente de mudança no trato com a prática organizacional, mas, principalmente, pelo fato de, inerentemente, tocar no modelo mental de toda uma classe que opera na transformação e no progresso da sociedade.

Sim, é do modelo mental que decorrem os procedimento e os comportamentos, o qual está subordinado à visão de mundo. Essa visão que nos trouxe à essa realidade moldada por uma receita sistêmica viciada, alienígena e autofágica.

Com foco prioritário nas micro, pequenas e médias empresas, iniciou-se uma proposta de transformação que, mais do que seguir procedimentos padronizados, deverá alcançar, de forma sine qua non, o cuidado sobre como se trabalha os referenciais coletivos que formam a ideias, os pensamentos e os propósitos. 

Para isso, a abertura para a compreensão desse pacto necessita quebrar o antigo modelo, cujo retorno não mais se fixará com a exclusividade do pragmatismo sustentável, mas incorporará a abstração pessoal na construção mútua de uma nova cultura.

Portanto, o foco da transformação deve ser e tem que ser na pessoa. É a pessoa que consolidará uma cultura que, em sua plena realização, "dispensará" o controle de modelos prontos. É nesse momento que se enterra a premissa de que não existe sociedade, mas indivíduos. Ao invés do salve-se quem puder e como puder, será o salvemo-nos a nós dessa forma. Afinal, o ganho da transformação é para todos e além.

O mais interessante é que um dos caminhos para consolidar esse modelo é o cuidado com o desenvolvimento, não somente por meios de formação padronizada, mas, principalmente de forma personalizada, com o cuidado pessoa a pessoa, para que este retorne à perspectiva de grupo de forma íntegra. Por isso, vejo como solução um PGR específico para a NR1, que trata do bem-estar e da saúde metal dentro das organizações.

Interessante é que, de fato, as empresas contribuem fortemente para a cultura das relações entre pessoas, procedimentos e comportamentos. É das relações produtivas que se irradia os horizontes. Sem dúvida, é uma excelente estratégia.

Mhauro Garcia -
Psicanalista